1899 - 1ª Temporada | Crítica.

 

1899 - 1ª Temporada
Lançamento: 17 de Novembro de 2022
Direção: Baran bo Odar
Nota: 3/5

Quem me conhece sabe que eu gosto muito de Dark, tá no meu top 3 de melhores séries perdendo pra Legion e Breaking Bad, mas será que essa série conseguiu me prender do mesmo jeito que Dark conseguiu (por ser do mesmo criador)?

Ela já começa com um flashback muito confuso onde a nossa protagonista, Maura Franklin, parece estar em um tipo de hospital psiquiátrico onde ela parece estar confrontando seu pai pelo desaparecimento de seu irmão. De repente ela acorda e se vê em um navio que está saindo da Europa com destino para Nova York, nesse navio - chamado Kerberos - tem uma grande leva de pessoas com o mesmo objetivo em comum, abandonar o seu passado e nunca mais voltar para casa. A coisa começa a ficar estranha quando eles recebem a mensagem de ajuda de um navio chamado Prometheus (não é o Prometheus da saga Alien), porém o Prometheus está desaparecido no oceano a 4 meses e todos os passageiros foram dados como mortos. Como é que um navio desaparecido e aparentemente vazio, envia mensagens de socorro por aí? Essa é uma das muitas perguntas que cercam essa temporada.

A séria tem um clima de mistério e tensão bastante densos e com milhares de perguntas, muitas delas sem uma resposta certa ou com várias respostas pra enganar/confundir a cabeça de quem está assistindo. Ela tenta em todos os 8 episódios emular o clima e as sensações de Dark, ao mesmo tempo que tenta fugir disso e ela fica nesse vai ou não vai, o que acaba deixando a série naquele meio termo da confusão fazendo a série perder um pouco o brilho pra mim.
Os mistérios são bem intrigantes, eles conseguem chamar a atenção do público e consegue fazer com que nós criemos várias teorias a cada final de episódio, mas ainda faltou mais desenvolvimento de certas coisas e uma delas foi o Capitão do Kerberos que é o segundo protagonista da série, ele tem seus momentos sozinho mas os motivos verdadeiros que o fizeram chegar onde está no momento, não foi muito explorado, o cara tem um trauma pesado com a família mas a causa não foi revelada em nenhum momento e isso foi meio desanimador pra mim pois ele está em tela o tempo todo entende? Eu quero saber o que fez aquele trauma na família surgir mas pelo visto eu só vou saber na segunda temporada.

Uma das coisas que essa temporada fez muito foi criticar o cristianismo, sim, é de lei em quase toda produção da Netflix, Prime Vídeo etc, terem críticas ao cristianismo em suas obras. É sério que todo o religioso nessa série tem que ser um depravado, louco ou um assassino psicótico? A série quando foca nos mistérios centrais fica muito boa mas assim que ela resolve cortar o clima de tensão pra focar nos religiosos, tudo vai por água abaixo e o tédio e a irritação tomam conta, é tudo muito fraco quando resolvem falar de religião, faz parecer que todo cristão é um bitolado da cabeça onde tudo o que acontece de ruim é por culpa de Deus... Isso é tão adolescente de 14-15 anos, birrento com aquele ar de superioridade e se achando o portador da verdade absoluta da existência.
É realmente muito infeliz quando a série quer abordar esses assuntos mas com a cabeça e a escrita de um adolescente, eu realmente espero que os roteiristas caiam na real e corrijam essas baboseiras.

Além desse fator juvenil que ela carrega pra si, a série tem coisas boas como fazer todos os personagens com diferentes nacionalidades e falando cada um com seu idioma de origem por exemplo, temos alemães, tem português, chineses, americanos, italianos e assim por diante, com cada um deles falando nesses idiomas específicos e com vários deles não entendendo o que e outro diz sabe? Isso faz com que eles tenham que se virar para entender tudo o que está acontecendo e o que o outro personagem está dizendo, isso é uma proposta muito boa mesmo, fazer pessoas de lugares diferentes do globo cooperarem entre si mesmo falando em línguas muito diferentes.

As partes técnicas estão aceitáveis, o CGI é meio duvidoso em vários momentos, a trilha sonora é bacana mas nada tão marcante assim e a fotografia não tem muita inventividade, a série quis tanto parecer com Dark mas não fez uma das coisas que eu mais gostava naquela série. Dark tinha muitos takes e enquadramentos bem pensados e criativos - nada inovador mas eram bons - e uma estética bacana, com paletas de cores bem diversificadas, aqui não é assim, é tudo muito cinza, escuro e sem muita novidade em fotografia. As cores me lembraram muito as paletas de cores que o Zack Snyder (diretor de 300, Watchmen, Liga da Justiça) usa em todo santo filme que ele dirige... Eu não gosto da paleta de cores dele, pelo menos a direção do Baran bo Odar é competente por toda temporada. As atuações são muito boas, muitos atores ali fazem um trabalho de atuação muito bom e alguns estão bem esquecidos na trama, tipo a cafetina, ela é a que eu menos me importei em toda temporada.

Apesar dos seus altos e baixos eu ainda gostei da série e vejo um potencial pra melhorias, ela precisa se arriscar mais nos temas filosóficos que ela aborda na reta final dessa temporada, deixar a superficialidade adolescente sobre o cristianismo de lado e se arriscar mais nas partes técnicas daqui pra frente.

Espero que tenham gostado dessa crítica e não se esqueçam de comentar o que acharam dessa primeira temporada e do meu texto.

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